24 julho 2005

Everyday I love you less and less...

Resenhas de discos

EMPLOYMENT (KAISER CHIEFS)

Se dependesse de bandas como Coldplay, Linkin Park e Evanescense e, em âmbito nacional, Charlie Brown Jr. e CPM22, o Rock já estaria morto há muito tempo. Eu nunca vi tanta banda de qualidade duvidosa e com mentalidade comercial (ignorando que qualidade é o que torna algo bom). Depois me chamam de nostálgico ao preferir bandas mais antigas, como Beatles, Led Zeppelin e The Clash, que eram claramente mais inovadoras e talentosas do que as atuais, que acham que um disco de platina e um hit nas rádios valem mais do que um trabalho bem feito e criativo.
Felizmente, há quem consiga salvar o gênero da mediocridade de outros. Em 2001, os Strokes mandaram bem com o seu debut. No ano passado, os escoceses do Franz Ferdinand lançaram um dos melhores discos da década. E, agora, outra banda estréia com um grande futuro pela frente. É o Kaiser Chiefs, quinteto oriundo de Leeds (Inglaterra).

Eles são uma banda de Rock alternativo (e de verdade, não é pseudo-rock como o Linkin Park). O disco de estréia deles pode não ser excelente, mas já demonstra algo bacana e promissor. Tanto que eles receberam 12 indicações para o prêmio Mercury e são os favoritos das casas de apostas britânicas. Além disso, tocaram no LIVE 8. As duas primeiras faixas (e também as melhores do álbum) são “Everyday I love you less and less”, uma canção sobre desilusão amorosa (e que não cai no senso comum), e “I predict a riot”, talvez uma demonstração explícita da influência punk no som deles, com um protesto furioso à sociedade tão desordenada. Elas são duas músicas bem trabalhadas, que conseguem misturar a agressividade da “cozinha” e dos vocais com um teclado que dá uma sonoridade mais eletrônica.

Outras canções se sobressaem, como “Caroline Yes”, cujo título parodia uma famosa canção do Beach Boys (“Caroline No”) e tem uma melodia romântica bem ao estilo do Blur; “Oh My God”, um dos destaques de Employment, em que o refrão combina perfeitamente com o ritmo da música (o sucesso nas paradas inglesas não é por acaso); “Team Mate”, que é bem leve e calma; “Na na na na Naa”, cujos destaques são a guitarra e os vocais engraçados; e “Modern Way”, outra composição bem-construída.

Eles podem não são originais (como já foi dito, o punk dos anos 70 e o Blur são as principais influências do som deles), contudo, o disco usa justamente disso para fazer uma salada musical bem interessante, que varia do eletrônico, passando pelo romântico e incluindo um Rock de peso. Além disso, a velocidade do disco é uma loucura – músicas muito rápidas contrastam com outras lentas. Mesmo não sendo perfeito, Employment é recomendável para quem quer algo diferente nesse mercado musical tão cheio de bandas que vendem até a alma em busca de fama e dinheiro.

A banda: Ricky Wilson (vocal), Andrew White (guitarra), Simon Rix (baixo), Nick Baine (teclados) e Nick Hodgson (bateria).


Cotação: 8/10