21 agosto 2005

Rock In Sopa - impressões finais

Especial

ROCK IN SOPA – IMPRESSÕES FINAIS

O Rock In Sopa foi o primeiro evento de Rock que eu fui. Já era hora de eu ir a um, para deixar de ser um “roqueiro de MP3”. Motivos não faltaram. Vários alunos do meu colégio iriam lá; o ingresso estava bem barato (6 reais); muitas bandas (15 ao total); oito horas de shows sem parar; oportunidade de conhecer várias bandas alternativas, com os estilos mais variados, do Pop Rock ao Heavy Metal.
Eu cheguei lá às 18h10, desesperado por pensar que estaria atrasado (já que tinha sido anunciado que começaria às 18 horas), mas aconteceu o que era mais provável – atrasou. Para a minha sorte, é claro. Só começou às 19h50. Nesse tempo, chegaram alguns colegas, e o tédio e solidão dos primeiros minutos, quando o Martin Cererê estava quase vazio, passou rápido. Eu pensei que mais gente do Colégio Classe viria, mas vários vieram, para me provar que a escola não é feita só de fãs do Babado Novo, Ivete Sangalo, chicleteiros ou pseudo-roqueiros.
Eu fiquei até às 2h30. Minha mãe, como eu esperava, ficou superpreocupada, achando que eu ia me envolver com maconheiros, ser assaltado ou coisa do gênero. Ledo engano. De drogas lá, só achei cigarro e álcool (cerveja e vodka). Não tomei, é claro, fiquei só na Coca Cola. Não é por caretice não – é que eu tenho uma espécie de prazer em ficar completamente são, em ter pleno domínio dos meus sentidos, enquanto todos se acabam na cerveja ou no tabaco. Acho que eu me sinto... um super-homem (parafraseando Nietzsche...).
Agora, sobre os shows. Dos 15, eu fiquei até a hora do décimo segundo. Não acompanhei todos, por falta de interesse no som de alguns (o Cruznorff, por exemplo, tocava Rock com música eletrônica... não é a minha praia). Vou citar os seis melhores:

- Packtus: abriu o Rock In Sopa. O som era mais limpo, misturando Pop Rock com Gothic Metal. A galera adorou, principalmente na música “60 Segundos” (muito boa, por sinal) e nos covers “Máscara” (Pitty) e “Bring Me To Life” (Evanescense).

- Flores Indecentes: bons refrões, boas performances nos instrumentos e nos vocais. Também empolgou o público com suas canções de Rock mais pesado.

- Downers: pelo que eu ouvi, era meio Rock Progressivo. O ponto alto do show foi o cover de “Comfortably Numb” (Pink Floyd), que levou o público à loucura. Os fãs do Pink Floyd até invadiram o palco e dividiram os vocais!

- Grieve: me surpreendeu. Nunca curti muito Heavy Metal, mas gostei demais do som deles. Canções bem pesadas e animadas, do tipo que o ouvinte quase torce o pescoço de tanto balançar o pescoço.

- Rústica: talvez foram eles a melhor apresentação do Rock In Sopa. Seguindo um Rock mais pop e acessível, mas não menos viciante, tiveram carisma e competência suficientes para dominar a platéia. Curti tanto as músicas próprias quanto a regravação “O Calibre” (Paralamas do Sucesso).

- Lake: grunge na veia. Quem curtia um Rock mais sujo e grudento adorou. Guitarras distorcidas, bateria pulsante e bons vocais. Dancei que nem louco. Os roqueiros mais exaltados (entenda bêbados) até fizeram aquele empurra-empurra, típico de shows de Rock (influência dos lendários Sex Pistols...).

Já estou a postos para o próximo evento de Rock alternativo que houver em Goiânia.
Adeus, Rock mainstream!

13 agosto 2005

Got me a movie, I want you to know...

Resenhas de discos

DOOLITTLE (PIXIES)

Se Surfer Rosa (1988) já era sensacional com sua loucura e gritaria, Doolittle, lançado em 1989, mantém a alta qualidade do Pixies. A banda já era conhecida desde o ano anterior devido aos elogios das revistas especializadas em música e da popularidade que possuía no underground americano. Agora, conquistava um lugar fixo entre as melhores bandas da década, ao fazer um disco que influenciou tudo que soasse alternativo dali pra frente.
Várias faixas se destacam. Vou citar as dez mais: "Debaser", a melhor de todas, tem bom humor e melodia contagiante; "Tame" segue o estilo do Rock alternativo, com experimentalismos e fúria; "Wave Of Mutilation" fala sobre violência em seus 2 minutos e pouco; "I Bleed", com seu sarcasmo; "Here Comes Your Man" é o único grande hit do Pixies, devido ao refrão e ritmo grudentos; "Dead" é um autêntico Rock pauleira; "Monkey Gone To Heaven" tem uma letra sombria e arranjo impecável; "La La Love You" é cantada pelo baterista da banda, e é uma das mais divertidas; "There Goes My Gun" tem como ponto mais forte os belos backing vocals de Kim Deal; "Hey" é mais sisuda, e é um dos melhores momentos do CD; e "Gouge Away" é outra canção mais, digamos, pessimista.
Sério, triste e engraçado. Só mesmo o quarteto de Boston para reunir essas três características no mesmo álbum. Com esse disco, o Pixies amadureceu em vários aspectos, e cometeu sua segunda obra-prima. Talvez seja impossível dizer quem é realmente melhor: Surfer Rosa ou Doolittle (eu, pessoalmente, prefiro o primeiro... hehe). Não é à toa que eles influenciaram o Nirvana e roubaram a cena do U2 em uma turnê...


Se você quiser baixar a música Debaser pelo Rapidshare, é só clicar aqui.
Clique aqui para baixar um arquivo com todas as letras das faixas do disco Doolittle.

A banda:
Black Francis (vocal, guitarra), Kim Deal (baixo, vocal), David Lotering (bateria) e Joey Santiago (guitarra).

Cotação: 9/10

12 agosto 2005

Disciplina é liberdade, compaixão é fortaleza...

Resenhas de discos

AS QUATRO ESTAÇÕES (LEGIÃO URBANA)

A Legião Urbana é apreciada por 10 em cada 10 brasileiros que tem um gosto musical decente. Quem é fã do conjunto não se importa se Renato Russo era pretensioso, se eles não tinham boa técnica para tocar ou qualquer outro defeito que quem não gosta deles (uma minoria, é claro) levante. Com belas letras, melodias memoráveis e vocais magníficos, a banda brasiliense será eternamente lembrada como um dos maiores expoentes do Rock nacional.
E, em 1989, eles lançaram As Quatro Estações, o álbum de maior sucesso de vendas e de crítica. Mas isso não é surpreendente, pois é nele que estão boa parte dos maiores clássicos da banda! A Legião entrou em uma fase mais madura, e as composições de Renato Russo, que já eram incríveis, conseguiram ficar ainda melhores. Nem a saída de Renato Rocha, baixista até 88, afetou o trabalho do trio remanescente.
No álbum, temos as reflexões de “Há Tempos” e “Eu era um lobisomem juvenil”, os versos inesquecíveis da famosa “Pais e Filhos”, o Rock politizado de “1965 – Duas Tribos”, a simpática “Meninos e Meninas” e a revelação de Renato sobre sua sexualidade – que, aliás, também foi abordada em “Maurício”. O amor e a solidão são o tema de “Se fiquei esperando meu amor passar”.
A religião é trabalhada em outros dois hinos, “Quando o sol bater na janela do teu quarto” e sua linda letra, e “Monte Castelo”, que até parafraseia Camões. “Sete cidades” é uma típica canção da Legião, e tem até uma gaita na introdução! “Feedback song for a dying friend” é uma faixa em inglês que, provavelmente, fala sobre Cazuza e o seu sofrimento com a AIDS.
Se eu tivesse que dar quatro discos fundamentais da Legião Urbana, eles seriam: o V (91), o Dois (86), o Legião Urbana (85) e o As Quatro Estações (89). E não duvide que ele faz jus aos elogios. Escute suas onze faixas e comprove!

A banda: Renato Russo (vocal, baixo, violão, teclados), Dado Villa-Lobos (guitarra, baixo) e Marcelo Bonfá (bateria, percussão).

Cotação: 9/10

10 agosto 2005

Hey God! Tell me what the hell is going on...

Resenhas de discos

THESE DAYS (BON JOVI)

Bon Jovi já não é mais o mesmo. Se nos anos 80, eles eram uma ótima banda de Hard Rock, hoje são apenas uma banda de pop comercialóide. Talvez porque a banda sempre buscou o mainstream e faz o possível para manter-se nele. Mas essa atitude tão “vendida” pode ser perdoada pelos bons trabalhos que ele e sua banda fizeram até metade dos anos 90.
O último disco realmente de qualidade de Bon Jovi foi lançado em 1995, e atende pelo nome de These Days. Nele, ocorre a despedida (em grande estilo) do Rock. As melhores músicas são justamente as primeiras faixas. “Hey God” é um rockão de primeira, e nos lembra da primeira fase da banda. “Something for the pain” é uma canção bacana, com um bom riff de guitarra. “This ain’t a love song” é romantismo total, e uma das melhores baladas de Jon Bon Jovi. “These days”, a faixa-título, é muito boa, inesquecível para os fãs do conjunto. “Lie to me” é baseada em um relacionamento amoroso do vocalista. Mais pra frente, temos outro bom Rock, “Damned”, além da desplugada “Diamond Ring”, o pop perfeito de “If That What It Takes” e a agressividade de “All I Want Is Everything”.
O fato de 10 das 14 músicas merecerem destaque (algumas mais que as outras – acho que dessas, umas seis são excelentes) prova que este é o álbum mais equilibrado da banda, e por isso, é (na minha opinião) o melhor. Depois dele, houve um hiato de cinco anos, até ser lançado Crush (cuja única música boa é "It's My Life"), depois, em 2002, o Bounce (ficou legal, mas tem muitas baladas!) e, dois anos atrás, o passável This Left Feels Right (só regravações acústicas!). Mas o último álbum arrasa-quarteirões do Bon Jovi é These Days. Ouça se for fã; se não for, também ouça, pois há grandes de você virar um.

A banda (em 1995): Jon Bon Jovi (vocal, baixo, violão), Ritchie Sambora (guitarra, backing vocal), Tico Torres (bateria) e David Bryan (teclados).

Cotação: 9/10

07 agosto 2005

Woo-hoo! When I feel heavy metal...

Resenhas de discos

THE BEST OF BLUR (BLUR)

Todos sabem o quanto é difícil analisar uma coletânea. O crítico pode ser rigoroso deamis caso ela seja um caça-níqueis ou esqueça alguma música boa. Ou pode ser benevolente em excesso por ser uma reunião das melhores músicas de uma banda. No caso deste The Best of Blur, eu entro no segundo caso. Até porque o repertório da banda em questão é impecável.
O Blur pode não ser muito conhecido fora da Inglaterra, mas lá na terra da Rainha, eles são tão populares quanto o Oasis. Aliás, há uma rivalidade entre ambas bandas. Mas convenhamos – a banda dos arrogantes irmãos Gallagher não é lá muito boa, pois peca na originalidade (são um plágio dos Beatles e dos Stones) e a maior parte de suas músicas enjoa rápido. Já o conjunto capitaneado por Damon Albarn é menos egocêntrico, humilha em criatividade e é bem mais simpático. A prova disso está nas dezoito faixas compiladas nesse disco.
Para falar a verdade, o álbum inteiro é bom, mas vamos separar alguns destaques: temos “Beetlebum”, cujos pontos fortes são o riff de guitarra e os vocais de Damon; “Song 2” é marcada pelo insano refrão Woo-hoo e pelo som contagiante, e além disso, é a mais famosa do Blur, e já foi até trilha sonora de games e filmes; “There’s No Other Way” é uma bacana canção pop; “The Universal” e “End Of A Century” são belas baladas; "No Distance Left To Run" é a mais triste de todas, perfeita para ouvir após o fim de um relacionamento; “Girls And Boys” é uma dançante música eletrônica; “Coffee And TV” é uma faixa romântica na medida certa (especialidade do Blur); “Parklife” é uma das obras-primas da banda, e alegra o dia de qualquer um; “Music Is My Radar” é experimental e louca; e “On Your Own” é alegre e melodicamente sensacional.
Se você quer ouvir o melhor do britpop dos anos 90, não deixe de escutar as faixas do Blur. Radiohead e Oasis podem ser mais populares aqui no Brasil, mas, pelo menos para mim, quem realmente manda quando o assunto é no Pop Rock britânico atual é o quarteto londrino. Para quem não sabe, Coxon já lançou seu álbum solo e Albarn é o criador e vocalista do Gorillaz.

Clique aqui para baixar a música Song 2 pelo Rapidshare.

A banda: Damon Albarn (vocal, violão, teclados), Graham Coxon (guitarra), Alex James (baixo) e Dave Rowntree (bateria).

Cotação: 9/10

06 agosto 2005

Help me if you can, I'm feeling down...

Resenhas de discos

HELP! (THE BEATLES)

Hoje, 6 de Agosto, foram comemorados os quarenta anos de Help!, o quinto álbum dos Beatles. Talvez seja esse o melhor disco da primeira fase do quarteto britânico. Na época em que foi lançado, já havia uma unanimidade quanto aos Beatles, inatingíveis no som e na imagem. O filme Help! veio reforçar isso. Com um roteiro simples e passagens engraçadas, a película é um dos retratos da beatlemania: alegre e cheia de composições memoráveis. O LP homônimo é recheado de alguns desses clássicos.
A começar pela faixa-título, que é uma das mais populares músicas do Fab-Four. “The Night Before” é uma criativa canção de Paul, que também é o responsável pela acústica “I’ve Just Seen A Face” e a famosíssima “Yesterday”. George mostra que é um bom guitarrista, e inova com “I Need You”.
John Lennon fez outras faixas que se sobressaem, como “You’ve Got To Hide Your Love Away” e sua bela letra, a inesquecível “Ticket To Ride”, a despretensiosa “It’s Only Love” e a balada “You’re Going To Lose That Girl”.
Em 1965, os Beatles já estavam cansados da rotina desgastante das turnês. Mas conseguiram achar tempo para provar que, de qualquer jeito, eram impecáveis em seus discos. Já fica claro que o som deles está evoluindo em Help!, e nos álbuns seguintes eles, gradativamente, abandonariam o Pop e experimentariam novas sonoridades. Mas foi aqui que eles começaram a se desgarrar do rótulo da beatlemania e da histeria das fãs. Recomendável para todos os tipos de roqueiros.

Clique aqui para baixar a música Help! pelo Rapidshare.

A banda: John Lennon (vocal, guitarra), Paul McCartney (vocal, baixo), George Harrison (guitarra, vocal) e Ringo Starr (bateria)

Cotação: 9/10

05 agosto 2005

Homem primata, capitalismo selvagem...

Resenhas de discos

CABEÇA DINOSSAURO (TITÃS)

O que esperar de uma banda cujo maior hit até o momento era “Sonífera Ilha”? O primeiro disco da banda era mediano, e faixas que viraram clássicos posteriormente (com as versões ao vivo, em 1988), como “Marvin” e “Go Back”, não tinham bons arranjos. Já o segundo LP era razoável, e contava com as ótimas “Autonomia”, “Televisão” e “Massacre”. Mas o octeto (!) paulista parecia ter potencial para fazer mais do que aquilo. A resposta foi Cabeça Dinossauro.
Esse álbum é tão incrível e influente que ele provou, definitivamente, que os brasileiros sabiam fazer Rock dos bons. Claro que antes dele vieram os Secos e Molhados e os Mutantes, duas bandas sensacionais, e a Legião Urbana e o RPM se deram bem com suas estréias no ano anterior. Mas foi realmente em julho de 1986 que o Brasil provou a sua capacidade roqueira.
O terceiro LP dos Titãs é aberto pela faixa-título. É uma canção pesada, um bate-estaca com versos que parecem um ritual indígena (e, por incrível que pareça, são mesmo – rito dos xingus contra os maus espíritos). Em seguida, temos a divertida “AA UU”, que divaga sobre o cotidiano patético dos jovens. “Igreja” é a mais polêmica de todas, com sua letra que soa como um hino dos ateus por trás de um Rock irado. “Polícia” ataca outra instituição, e mantém em progresso a fúria do álbum. “Estado Violência” é uma das mais sérias e bem-feitas. “A Face do Destruidor” é um Hardcore de quarenta segundos que reflete sobre a cultura da destruição.
“Porrada” já se entrega no título: a banda clama pelo uso da violência contra os grupos sociais famigerados, como os políticos e os advogados. “Tô Cansado” é uma triste, porém agressiva música sobre o tédio da juventude. “Bichos Escrotos”, com seu bom humor, seu peso e sua escatologia, foi até censurada na época. “Família”, apesar de mais calma e pop, também pega pesado na letra. “Homem Primata” critica a sociedade capitalista e a irracionalidade do ser humano. “Dívidas” tem seu ponto forte nos versos, ao contrário de “O quê”, que conta com um ritmo alucinante e dançante.
Se, atualmente, os Titãs já não são aquela coisa, antigamente os caras eram a melhor banda de Rock que havia no Brasil. Ouça Cabeça Dinossauro, e veja as raízes Punk do conjunto.


A banda (em 1986): Paulo Miklos (vocal), Nando Reis (vocal, baixo), Arnaldo Antunes (vocal), Sérgio Britto (vocal, teclados), Branco Mello (vocal), Charles Gavin (bateria), Marcelo Fromer (guitarra) e Tony Bellotto (guitarra).

Cotação: 9,5/10

03 agosto 2005

Come on baby, light my fire...

Especial

THE DOORS
1967 foi um ano mágico para o Rock. Os Beatles lançam Sgt. Pepper’s, o melhor disco de Rock da história; o Pink Floyd debuta com o ótimo Piper Gates At Dawn; o Velvet Underground lança seu excelente álbum homônimo; Jimi Hendrix e Janis Joplin, entre outros roqueiros, ganham fama em festivais como o de Monterrey e novas vertentes se consolidam: o Rock psicodélico e o Progressivo. Mas esse ano também foi marcado pelo primeiro álbum de estúdio de um conjunto estadunidense: The Doors.
O nome é baseado em uma obra de Aldous Huxley, “The doors of perception” (As portas da percepção). Com influências do blues e jazz, o
quarteto era formado pelo vocalista e baixista Jim Morrison, o tecladista Ray Manzarek, o guitarrista Robby Krieger e o baterista John Densmore. Tudo começou quando, em 65, na UCLA (conceituada universidade de cinema dos EUA), Morrison e Manzarek se conheceram. Com gostos musicais semelhantes, eles resolveram montar uma banda. Uniram-se à dupla Densmore e Krieger.
Indicados pelo músico Artur Lee, eles gravaram seu primeiro LP na gravadora Elektra. Lançado em Janeiro de 1967, ele demorou alguns meses para fazer sucesso, mas quando o fez, a banda estourou nos Estados Unidos. O single “Light My Fire” (a mais famosa canção do conjunto) estourou nas paradas. Outras músicas fizeram sucesso, como “Break On Through” (com influências da bossa nova), “Alabama Song” e “The End” (que dura quase 12 minutos e tem uma letra pesada, que fala até de complexo de Édipo, e mostra que Jim estava sob efeito de alucinógenos quando a compôs).
Com fama e dinheiro, eles mantiveram a boa qualidade do trabalho em Strange Days. Destaque para “When The Music Is Over” (outra faixa de mais de 10 minutos), “Love Me Two Times”, “People Are Strange” e a faixa-título. A banda era conhecida pelo caos de suas apresentações. Tanto que Jim Morrison chegou a ser preso em uma delas, por desacato à autoridade (no caso, um policial). Polêmico, o líder e letrista do Doors abusava na bebida e nas drogas, e era símbolo sexual, o que o irritava profundamente, pois sua imagem era mais veiculada do que o som da banda. Em 68, eles continuaram no topo das paradas com o LP Waiting For The Sun, que, além da boa “Five To One”, contava com dois dos maiores clássicos do conjunto: “Hello, I Love You” (uma música mais pop do Doors) e “The Unknown Soldier” (banida das rádios americanas por criticar a Guerra do Vietnã).
O ano seguinte não foi dos melhores pra banda. O álbum The Soft Parade foi um fracasso. Talvez porque foi muito pretensioso e soberbo. Ainda assim, é dele a boa faixa “Touch Me”. Muitos consideram que o pior momento do Doors foi o show que ocorreu em 01/03/69 no Madison Square Garden, que estava superlotado. Para piorar, Jim estava bêbado, e brigava coma platéia freqüentemente. Até que após ele novamente ofendê-la e ameaçar mostrar seu órgão sexual, o palco foi invadido. O tumulto era geral, e só foi controlado com a ação da polícia. O vocalista do conjunto foi preso por sete meses.
A banda, mesmo em crise, se reergueu em 1970 com Morrison Hotel, marcado pelas ótimas músicas “Roadhouse Blues” (com seu famoso riff de guitarra), “You Make Me Real” e “Waiting For The Sun” (sobra do álbum homônimo). Em meio às disputas internas, e Jim Morrison cada vez mais revoltado com a condição de astro de Rock, foi lançado em dezembro do mesmo ano o que viria a ser o derradeiro disco da banda, L.A. Woman. A faixa-título, “Love Her Madly” e, principalmente, “Riders On The Storm” são os pontos altos do LP.
Em março de 71, com o Doors em frangalhos, Jim e sua esposa, Pamela Courson, se mandam para a França, fugindo da fama (afinal, todos sabiam que “buscar inspiração” não passava de um eufemismo). Em meio ao uso descontrolado de bebidas e drogas, Morrison acabou falecendo em 3 de Julho de 1971, quando foi encontrado morto em sua banheira. Provavelmente, por overdose de heroína. Mas nunca saberemos a verdade, pois Pamela nunca falou sobre o assunto e morreu três anos depois, e também porque não foi feita uma autópsia nele.
Morto prematuramente, um dos maiores poetas do Rock deixou o seu legado. The Doors expressava a fúria e o caos da juventude da época, e os excessos da mesma foram refletidos pelo próprio fim trágico do líder do conjunto. Os outros integrantes tentaram, sem sucesso, continuar com a banda, mas logo desistiram. Ou não. Dois anos atrás, Ray Manzarek e Robby Krieger criaram o Doors of the 21st century, que pretende trazer os clássicos da banda às novas gerações (e dinheiro para o bolso dos ex-integrantes, hehe), e tem como vocalista Ian Astbury, ex-The Cult, Angelo Barbera no baixo e o baterista Stewart Copland, ex-The Police. O ex-baterista da banda, John Dansmore, resolveu acabar com a festa, e entrou na Justiça tentando impedir que eles tivessem o nome Doors. Ele conseguiiu, e além disso, terá parte nos lucros da última turnê do projeto. Polêmicas à parte, The Doors foi uma das maiores bandas de Rock de todos os tempos, e merece a fama que acumulou nos últimos 38 anos.


Discografia original (excluindo coletâneas, sobras de estúdio e discos ao vivo lançados posteriormente):
- The Doors (1967) - cotação: 9/10
- Strange Days (1967) - cotação: 9/10
- Waiting For The Sun (1968) – cotação: 8,5/10
-
The Soft Parade (1969) – cotação: 5,5/10
-
Morrison Hotel (1970) – cotação: 8,5/10
- L.A. Woman (1970) – cotação: 8/10