03 agosto 2005

Come on baby, light my fire...

Especial

THE DOORS
1967 foi um ano mágico para o Rock. Os Beatles lançam Sgt. Pepper’s, o melhor disco de Rock da história; o Pink Floyd debuta com o ótimo Piper Gates At Dawn; o Velvet Underground lança seu excelente álbum homônimo; Jimi Hendrix e Janis Joplin, entre outros roqueiros, ganham fama em festivais como o de Monterrey e novas vertentes se consolidam: o Rock psicodélico e o Progressivo. Mas esse ano também foi marcado pelo primeiro álbum de estúdio de um conjunto estadunidense: The Doors.
O nome é baseado em uma obra de Aldous Huxley, “The doors of perception” (As portas da percepção). Com influências do blues e jazz, o
quarteto era formado pelo vocalista e baixista Jim Morrison, o tecladista Ray Manzarek, o guitarrista Robby Krieger e o baterista John Densmore. Tudo começou quando, em 65, na UCLA (conceituada universidade de cinema dos EUA), Morrison e Manzarek se conheceram. Com gostos musicais semelhantes, eles resolveram montar uma banda. Uniram-se à dupla Densmore e Krieger.
Indicados pelo músico Artur Lee, eles gravaram seu primeiro LP na gravadora Elektra. Lançado em Janeiro de 1967, ele demorou alguns meses para fazer sucesso, mas quando o fez, a banda estourou nos Estados Unidos. O single “Light My Fire” (a mais famosa canção do conjunto) estourou nas paradas. Outras músicas fizeram sucesso, como “Break On Through” (com influências da bossa nova), “Alabama Song” e “The End” (que dura quase 12 minutos e tem uma letra pesada, que fala até de complexo de Édipo, e mostra que Jim estava sob efeito de alucinógenos quando a compôs).
Com fama e dinheiro, eles mantiveram a boa qualidade do trabalho em Strange Days. Destaque para “When The Music Is Over” (outra faixa de mais de 10 minutos), “Love Me Two Times”, “People Are Strange” e a faixa-título. A banda era conhecida pelo caos de suas apresentações. Tanto que Jim Morrison chegou a ser preso em uma delas, por desacato à autoridade (no caso, um policial). Polêmico, o líder e letrista do Doors abusava na bebida e nas drogas, e era símbolo sexual, o que o irritava profundamente, pois sua imagem era mais veiculada do que o som da banda. Em 68, eles continuaram no topo das paradas com o LP Waiting For The Sun, que, além da boa “Five To One”, contava com dois dos maiores clássicos do conjunto: “Hello, I Love You” (uma música mais pop do Doors) e “The Unknown Soldier” (banida das rádios americanas por criticar a Guerra do Vietnã).
O ano seguinte não foi dos melhores pra banda. O álbum The Soft Parade foi um fracasso. Talvez porque foi muito pretensioso e soberbo. Ainda assim, é dele a boa faixa “Touch Me”. Muitos consideram que o pior momento do Doors foi o show que ocorreu em 01/03/69 no Madison Square Garden, que estava superlotado. Para piorar, Jim estava bêbado, e brigava coma platéia freqüentemente. Até que após ele novamente ofendê-la e ameaçar mostrar seu órgão sexual, o palco foi invadido. O tumulto era geral, e só foi controlado com a ação da polícia. O vocalista do conjunto foi preso por sete meses.
A banda, mesmo em crise, se reergueu em 1970 com Morrison Hotel, marcado pelas ótimas músicas “Roadhouse Blues” (com seu famoso riff de guitarra), “You Make Me Real” e “Waiting For The Sun” (sobra do álbum homônimo). Em meio às disputas internas, e Jim Morrison cada vez mais revoltado com a condição de astro de Rock, foi lançado em dezembro do mesmo ano o que viria a ser o derradeiro disco da banda, L.A. Woman. A faixa-título, “Love Her Madly” e, principalmente, “Riders On The Storm” são os pontos altos do LP.
Em março de 71, com o Doors em frangalhos, Jim e sua esposa, Pamela Courson, se mandam para a França, fugindo da fama (afinal, todos sabiam que “buscar inspiração” não passava de um eufemismo). Em meio ao uso descontrolado de bebidas e drogas, Morrison acabou falecendo em 3 de Julho de 1971, quando foi encontrado morto em sua banheira. Provavelmente, por overdose de heroína. Mas nunca saberemos a verdade, pois Pamela nunca falou sobre o assunto e morreu três anos depois, e também porque não foi feita uma autópsia nele.
Morto prematuramente, um dos maiores poetas do Rock deixou o seu legado. The Doors expressava a fúria e o caos da juventude da época, e os excessos da mesma foram refletidos pelo próprio fim trágico do líder do conjunto. Os outros integrantes tentaram, sem sucesso, continuar com a banda, mas logo desistiram. Ou não. Dois anos atrás, Ray Manzarek e Robby Krieger criaram o Doors of the 21st century, que pretende trazer os clássicos da banda às novas gerações (e dinheiro para o bolso dos ex-integrantes, hehe), e tem como vocalista Ian Astbury, ex-The Cult, Angelo Barbera no baixo e o baterista Stewart Copland, ex-The Police. O ex-baterista da banda, John Dansmore, resolveu acabar com a festa, e entrou na Justiça tentando impedir que eles tivessem o nome Doors. Ele conseguiiu, e além disso, terá parte nos lucros da última turnê do projeto. Polêmicas à parte, The Doors foi uma das maiores bandas de Rock de todos os tempos, e merece a fama que acumulou nos últimos 38 anos.


Discografia original (excluindo coletâneas, sobras de estúdio e discos ao vivo lançados posteriormente):
- The Doors (1967) - cotação: 9/10
- Strange Days (1967) - cotação: 9/10
- Waiting For The Sun (1968) – cotação: 8,5/10
-
The Soft Parade (1969) – cotação: 5,5/10
-
Morrison Hotel (1970) – cotação: 8,5/10
- L.A. Woman (1970) – cotação: 8/10